Na varanda da Lú!!
O post de hoje é sobre a diarista Marisa Alice, mais conhecida como Lú. Mineira do interior, mãe e esposa, Lú representa milhares de mulheres que dia a dia trabalham duro para dar uma vida melhor para seus filhos e pouco a pouco conquistam melhorias para sua família. Fui visitar a casa onde ela mora com seu marido José e suas duas filhas adolescentes, para começar aqui no blog uma coluna que mostra uma realidade que quase nunca é vista nas revistas de arquitetura.
A pouco mais de uma década Lú se mudou para essa casa que na época possuía quatro cômodos: sala, cozinha, banheiro e quarto. Sempre foi seu desejo expandir a construção para dar mais conforto para suas filhas e para o casal, entretanto essas mudanças aconteceriam ao longo do tempo por causa da questão financeira.
A primeira grande mudança que eles conseguiram concretizar foi a construção de mais um quarto para as filhas, para dar mais privacidade e conforto. Além disso, construíram também um novo banheiro social para atender melhor as necessidades da família, além de estar em um local mais acessível para as visitas. Com essa reforma feita eles puderam focar em outros objetivos, como a compra de um carro e outras pequenas conquistas como um celular ou uma TV nova.
Agora eles estão partindo para uma nova etapa da construção, pretendem construir um quarto novo e adaptá-lo ao antigo banheiro, criando assim uma suíte para o casal. Com essa mudança cada uma das filhas terá seu próprio quarto, criando uma privacidade que todo jovem agradece! Continuando a mudança eles pretendem transformar o que hoje é um quarto de hóspedes em uma sala de estar e a antiga será a nova sala de jantar. Ela espera que em breve eles finalmente tenham a casa dos sonhos.
Assim como milhares de brasileiros, eles não tem acesso a arquitetos, engenheiros ou decoradores devido aos custos que esses serviços demandam. Todas as mudanças foram feitas a partir das necessidades que eles descobriram a partir da sua própria vivência. As reformas geralmente são feitas aos poucos por algum conhecido que é pedreiro e sabe executar o serviço. Quando alguma parte da construção exige mais esforços, como por exemplo, a concretagem de uma laje, geralmente alguns amigos são chamados para ajudar em algum fim de semana. No processo da escolha dos materiais eles buscam o melhor custo/benefício, procurando em depósitos ou até mesmo comprando de alguma pessoa que tenha essas peças para oferecer.
Posso dizer que a casa apresenta alguns problemas de infiltração e que a iluminação e a ventilação podiam ser mais bem exploradas, mas nenhuma dessas circunstâncias é capaz de diminuir o grande esforço e saber que estão presentes na moradia. Devemos aprender a dar mais valor a tais construções e entender que a vivência dos moradores gera uma arquitetura real e cheia de vida.
Agradeço a família e principalmente a Lú, essa mulher alegre, espontânea e muito dedicada que me abriu as suas portas e mostrou com orgulho as suas conquistas. Percebi nessa visita que enquanto arquiteta ainda tenho muito a aprender!